quarta-feira, 30 de maio de 2012

Como poupar no supermercado

O Diário Económico foi às compras e comparou os preços de um cabaz de 16 produtos em cinco cadeias de distribuição.
Corredores desimpedidos, temperatura agradável e prateleiras arrumadas. Foi este o cenário com que o Diário Económico se deparou, no início desta semana, numa ida às compras a cinco cadeias de distribuição. Um cenário bastante distinto daquele que se verificou nos dias anteriores, altura em que algumas cadeias de supermercados protagonizaram mais um episódio da guerra dos descontos. Após a confusão do dia 1 de Maio, em que o Pingo Doce ofereceu 50% de desconto em todos os seus produtos, nos últimos dias a carne foi o alvo do mesmo desconto nas lojas do Pingo Doce e do Minipreço. Razão pela qual não será de estranhar que, nos dias em que o Diário Económico visitou as lojas destas duas cadeias, os expositores de carne estavam praticamente vazios. Já ontem, o Pingo Doce avançou com uma nova campanha em que oferece 50% de desconto no preço do peixe. Contudo, a razão desta ronda realizada junto das cadeias de distribuição não teve como intenção analisar as recentes campanhas promocionais das cadeias de distribuição. O objectivo foi tentar perceber se, aparte esta guerra de descontos, a opção por uma determinada cadeia permite poupar dinheiro. E a resposta é um claro não.
Para tal, foi tido em conta um cabaz com 16 produtos de consumo básicos e compararam-se os preços praticados em lojas de Grande Lisboa das cadeias de distribuição Continente, Pingo Doce, Jumbo, Minipreço e Lidl. Para esta comparação de preços foram consideradas sempre as mesmas marcas de referência. Nos casos em que a marca de referência não existia em todas as lojas, optou-se por fazer a comparação de preços entre as marcas brancas de cada uma das cadeias.
Feitas as compras e analisados os preços, há uma conclusão que salta à vista: as diferenças de preços são muito reduzidas. Entre o cabaz mais caro e o mais barato, o diferencial de preços foi inferior a um euro. O cabaz de compras custou 19,43 euros na cadeia mais cara, ou seja 3,5% acima dos 18,73 euros cobrados na mais barata. Para António Souto, técnico da Deco, "se olharmos as razões históricas, esta conclusão surpreende porque estamos habituados a diferenças de preços que têm estimulado a concorrência. Mas, por se tratarem de bens essenciais, até pelo próprio factor concorrência, não surpreende". Como explica o técnico da associação de defesa dos consumidores, "é a concorrência a jogar o seu melhor".
De facto, em alguns dos produtos que foram considerados na análise, os preços são precisamente iguais nas cinco cadeias de distribuição. Foi o que se passou por exemplo, com os ‘Corn Flakes' ou com o queijo flamengo. Noutros produtos, as diferenças eram mínimas.
No entanto, foi detectado um grande diferencial na comparação de preços entre os produtos de marcas de referência e os de marcas brancas dentro da mesma cadeia de distribuição. Com base num cabaz de 12 produtos, compararam-se os preços das duas alternativas de compra no caso do Continente, Pingo Doce e Jumbo. Aquilo que continua a verificar-se é que a opção pelas marcas brancas permite poupanças consideráveis no cabaz de compras. Consegue-se poupar entre cerca de 30% e 40% na factura. Em alguns produtos específicos verificou-se que a poupança chegava a rondar os 60% e os 70%. Foi o que se passou, por exemplo, com a água, as colas e os ‘corn flakes'. Contudo, também houve situações em que o produto de marca branca era mais caro do que o de marca de referência.
Na prática, a conclusão é simples: se quer poupar deve aproveitar as campanhas e os sistemas de descontos, bem como as marcas brancas. Fora destes casos, a escolha da cadeia onde faz as compras não é muito relevante.
As marcas próprias ou de insígnia das cadeias de distribuição, vulgarmente conhecidas como marcas brancas, foram-se instalando de forma tímida nas opções de compra dos portugueses a partir da década de 80, mas hoje já rivalizam com as marcas líder na altura de encher o carrinho de compras. Segundo dados da Nielsen, reunidos no Portal Conhecer a Crise (da instituição liderada pela família Soares dos Santos, dona dos Pingo Doce), no quarto trimestre de 2011 cerca de 51,5% das vendas totais dos supermercados, hipermercados e mercearias já eram de produtos de marca branca. Esta mudança de hábitos de compra é o resultado da crise económica, mas também da alteração de postura do consumidor em relação à confiança que deposita nos produtos de marca branca. "A qualidade das marcas próprias tem sido desmistificada. Os testes que são feitos, principalmente no caso dos bens alimentares, revelam que os produtos de marcas brancas pouco ou nada ficam a dever aos restantes produtos do mercado", afirma António Souto.
E aquilo que parece certo é que os portugueses estão cada vez mais despertos para a poupança na altura de ir ao supermercado. "O consumidor está muito mais atento aos preços, às promoções, às compras por impulso e em encontrar os produtos com os preços mais baixos", constata António Souto. E acrescenta: "Quanto mais depressa a pessoa incutir em si estes pequenos hábitos mais vai estar a poupar sem se aperceber".
Dicas de poupança
- Antes de ir às compras faça uma lista com o que realmente precisa e tente comprar apenas os produtos que anotou para evitar gastos desnecessários.
- Vá com tempo para as compras de forma a poder comparar com mais calma os preços dos produtos.
- Quando vamos às compras com fome tudo parece apetitoso e a probabilidade de regressar a casa com alimentos que não necessitava também é maior. Por isso, faça compras após as refeições.
- Se puder, evite levar as crianças ao supermercado porque elas acabam por fazê-lo comprar mais produtos do que pretendia. Quando as crianças ficam aborrecidas a probabilidade de uma compra precipitada também é mais elevada.
- Compare preços com quantidades. Requer tempo, mas é uma das melhores formas de poupar já que nem sempre as embalagens maiores são comparativamente mais baratas.

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