Os líderes do G8 declararam hoje que querem a Grécia na zona euro. Mas a Grécia já imprime dracmas, a sua moeda nacional. A Grécia está presa num ciclo vicioso de insolvência, baixa competitividade e uma depressão cada vez mais profunda. A maior preocupação dos líderes do G8 prende-se com a necessidade de implementar medidas de crescimento económico, que potenciem o desenvolvimento dos Estados e a criação de emprego, mas nenhuma medida concreta foi colocada na agenda política.
O cenário de a Grécia sair do euro vai ser desastroso para os bancos alemães e franceses, que têm largos milhões de euros em títulos da dívida grega. Mas a Grécia será apenas o primeiro, a Espanha será provavelmente forçada a seguir a mesma via, tal como Portugal e a Itália, embora a situação da dívida italiana seja menos grave.
Os países periféricos da Europa têm problemas de sustentabilidade de dívida e de competitividade do estilo da Grécia. Na minha opinião, Portugal, se não forem introduzidas medidas a nível europeu, que estimulem o crescimento económico, terá forçosamente de reestruturar a sua dívida e sair do euro. Esta política de contenção e ajustes tem a natureza dos zombies, isto é, segue caminhando e tropeçando sem se importar com quantas mortes causa. Este caminho não nos leva a parte nenhuma e não representa um modelo de êxito, apenas potencia o problema e a desgraça dos países e dos seus cidadãos.
Não podemos ter ilusões, uma saída ordeira do euro vai ser difícil, mas assistir à lenta implosão desordeira da economia grega e da sociedade vai ser muito pior. É arrepiante assistir como a Grécia está a ser pressionada, nomeadamente pela Alemanha. Não se via tamanha intromissão na soberania de um país desde meados do século passado. A Europa está a beira do abismo, mas se a Grécia sair do euro, o pesadelo e o inferno serão uma realidade.
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