terça-feira, 19 de março de 2013

Os piores filmes em 2012


Se antenar no maior número de lançamentos de um determinado ano implica em muitos riscos. Há a falta de tempo para escrever sobre um filme que merece algumas considerações (mesmo ruins), as expectativas elevadas que se frustram e os maus pressentimentos que se confirmam. Nesta postagem, há um pouco de tudo isto, pois é destacado o que houve de pior no cinema em 2012. As postagens sobre os melhores do ano passado iniciam ainda nesta semana, mas haveria uma pendência em nosso fechamento de 2012 se não dedicássemos um pequeno espaço para relembrar as bombas do cinema recente.
A postagem repete o molde do mesmo levantamento feito no ano passado: além dos dez piores filmes, também destacamos as dez piores interpretações masculinas e femininas de 2012.
Battleship - A Batalha dos Mares
01. “Battleship – A Batalha dos Mares”, de Peter Berg
Você sabe que Hollywood está em estado de alerta assim que se depara com um filme como “Battleship – A Batalha dos Mares”. Na falta de criatividade, temos atéblockbuster baseado em brinquedo ou jogo de tabuleiro. Neste caso, “Battleship – A Batalha dos Mares” é inspirado no velho Batalha Naval. Se nem se assumindo como bobagem isto daria certo, imagina quando há pretensões de se fazer uma fita de ação grandiosa. Protagonizado por Taylor Kitsch, a promessa de astro mais fracassada do cinema contemporâneo, “Battleship – A Batalha dos Mares” tem a cantora Rihanna soltando frases de efeito a cada minuto, Liam Neeson no fundo do poço como herói de ação ancião e um roteiro que não entretém nem o mais acéfalo dos espectadores. Parece uma versão piorada de “Transformers”, como se isto fosse possível.
As Aventuras de Agamenon, o Repórter02. “As Aventuras de Agamenon, o Repórter”, de Victor Lopes
Um dos melhores filmes de Woody Allen, “Zelig” foi produzido em 1983 e apresentou um formato pouco usual no cinema: mockumentary, o falso documentário. Através de um personagem camaleônico, Woody Allen extraiu humor ao satirizar inúmeros episódios históricos. No mais notável, Zelig surge próximo de Hitler em uma aparição pública. Victor Lopes recorre a este formato em “As Aventuras de Agamenon, o Repórter”, mas qualquer influência ao filme de Woody Allen é imediatamente ignorada neste filme que comporta tudo o que há de pior na comédia brasileira: aparições aleatórias de globais, humor vulgar, piadas de duplo sentido pífias (Dr. Jacinto Leite Aquino Rêgo, sério?) e a franca decadência dos Cassetas, bem distantes das ótimas sátiras produzidas para a tevê nos áureos anos 1990. Uma mancha na carreira de Marcelo Adnet, um dos melhores jovens humoristas brasileiros que está se deixando contaminar pela poderosa Globo.
Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança03. “Motoqueiro Fantasma – Espirito de Vingança”, de Brian Taylor e Mark Neveldine
Desesperado para estrelar um filme baseado em um herói oriundo das histórias em quadrinhos, Nicolas Cage aceitou sem pensar duas vezes a proposta de encarnar Johnny Blaze, personagem de segundo escalão da Marvel. Após um péssimo filme de origem conduzido por Mark Steven Johnson em 2007, a dupla Brian Taylor e Mark Neveldine (responsáveis por “Adrenalina” e “Gamer”) foi incumbida de dar um novo fôlego a esta franquia que se desenhava. O resultado não é somente pior que o original, como ocupa o terceiro lugar da nossa lista dos piores do cinema em 2012. Brian Taylor e Mark Neveldine até se arriscam em fazer um filme com ação vibrante (ambos ignoram o perigo ao conduzirem a câmera a bordo de carros e motos em alta velocidade), mas esta sequência parece um rascunho de “Fúria Sobre Rodas”, coincidentemente, também protagonizado por Nicolas Cage.
Dia de Preto04. “Dia de Preto”, de Daniel Mattos, Marcial Renato e Marcos Felipe
Como não temos uma indústria de cinema estabelecida, tem sido cada vez mais comum ver realizadores independentes com dificuldades em lançarem suas obras pouco convencionais em um circuito comercial cada vez mais concorrido. Por isto é importante o apoio oferecido a estes títulos, que dependem tanto de um amplo trabalho de divulgação para sobreviverem. No entanto, é difícil ter entusiasmo quando este cenário é invadido por filmes como “Dia de Preto”, do trio Daniel Mattos, Marcial Renato e Marcos Felipe. Ao imaginar duas encarnações de um personagem negro (antes o primeiro escravo livre no Brasil e agora um sujeito envolvido com o roubo de uma relíquia perseguido em um shopping), “Dia de Preto” faz uma junção de estilos que resulta em um fracasso constrangedor. Entre as pérolas da narrativa, há uma ação estilizada calcada em fitas internacionais de ficção científica, uma perseguição noturna de kart e o uso excessivo de ditos populares.
Armadilha05. “Armadilha”, de David Brooks
Mesmo que não tenha alcançado um bom número de espectadores em sua estreia, “Enterrado Vivo” foi considerado rapidamente um dos melhores e mais inusitados exemplares do thriller contemporâneo. Mérito do roteirista Chris Sparling, que foi capaz de criar uma história e confiná-la em um único ambiente por uma hora e meia. Porém, a reputação que criou em “Enterrado Vivo” é arranhada drasticamente com “Armadilha”, uma porcaria misteriosamente lançada nos cinemas. O roteirista reprisa alguns elementos, como a ação que transcorre em um único cenário e as motivações misteriosas de um vilão cuja identidade não é revelada, mas os seus protagonistas se revelam tão burros diante do perigo que a tensão é rapidamente trocada por risadas involuntárias.
Billi Pig06. “Billi Pig”, de José Eduardo Belmonte
José Eduardo Belmonte acumulou elogios por “A Concepção”, “Meu Mundo em Perigo” e especialmente “Se Nada Mais Der Certo”, mas a trinca não foi capaz de encontrar o seu público ao ser lançada em circuito restrito. Talvez só a vontade de atingir um público mais amplo é que justifica a existência de “Billi Pig”, que conta com o selo da Globo Filmes. Aí reside o problema. Ao fazer uma espécie de homenagem às chanchadas brasileiras, Belmonte perde sua essência como autor e entrega uma comédia popularesca desequilibrada com os seus inúmeros personagens secundários dispensáveis, a exemplo da proprietária de uma funerária vivida por Preta Gil. Sem dizer que ver Grazi Massafera interpretando uma aspirante a atriz sem um pingo de talento é de uma sutileza atroz.
Como Agarrar Meu Ex-Namorado07. “Como Agarrar Meu Ex-Namorado”, de Julie Anne Robinson
Responsável pela direção de alguns episódios de seriados como “Samantha Who?” e “Weeds”, Julie Anne Robinson não começou sua carreira com o pé direito no cinema ao adaptar “A Última Música”, novela de Nicholas Sparks. Ao invés de mostrar progresso em seu segundo filme, o que se vê é um retrocesso. “Como Agarrar Meu Ex-Namorado” é baseado na série de livros da personagem Stephanie Plum, criação da escritora norte-americana Janet Evanovich. O sucesso e astúcia da protagonista se convertem em fracasso e burrice na adaptação cinematográfica. A escolha para vivê-la não poderia ser pior: Katherine Heigl prossegue como o rostinho bonito mais insuportável do cinema e a insistência de Hollywood em torná-la uma estrela é um dos grandes mistérios da humanidade.
Quatro Amigas e Um Casamento08. “Quatro Amigas e Um Casamento“, de Leslye Headland
Aguardada comédia indie, “Quatro Amigas e Um Casamento” despertou desconfiança do público assim que foi divulgada no Brasil com o título “Só Bebendo Elas Casam”, uma descarada tentativa de vendê-la como a versão feminina de “Se Beber, Não Case”. O título final pode até ser “menos pior”, mas a decepção proporcionada por esta estreia de Leslye Headland no cinema é irreversível. Ao adaptar uma peça teatral de sua própria autoria, Leslye Headland prova ser terrível como cineasta e piadista. Difícil acreditar que Kirsten Dunst tenha topado protagonizar isto justamente após sua arrebatadora interpretação em “Melancolia”. De fazer qualquer um rever “Missão Madrinha de Casamento” apenas para apagar o trauma.

Cada um Tem a Gêmea que Merece09. “Cada Um Tem a Gêmea Que Merece“, de Dennis Dugan
O comediante Adam Sandler e o diretor Dennis Dugan haviam se redimido de algumas atrocidades com o divertido “Esposa de Mentirinha”, embora os melhores momentos aconteçam graças as presenças de Jennifer Aniston e Nicole Kidman. O acerto é uma exceção em um histórico de parcerias ineficazes e que chega ao fundo do poço com “Cada Um Tem a Gêmea Que Merece”, um filme em que temos de aturar Adam Sandler vivendo não um, mas dois protagonistas de sexos opostos. Embaraçosa, a comédia promete risos com a presença de Al Pacino interpretando ele mesmo. O pedido desesperado do veterano astro em atear fogo em um comercial constrangedor que participou dentro do filme representa exatamente o desejo do espectador que se submeteu a esta tortura nem um pouco engraçada.
Um Verão Escaldante10. “Um Verão Escaldante“, de Philippe Garrel
Felizmente, os anos passam e as produções francesas só ampliam o espaço no circuito nacional. Por isto, algumas bobagens não surtem efeito diante das obras mais fortes e por isto mesmo a sua carreira é resumida na tela grande. Isto se aplica perfeitamente a “Um Verão Escaldante”, novo filme do veterano Philippe Garrel ainda mais aborrecido que “A Fronteira da Alvorada”, seu penúltimo drama romântico. Blasé como sempre, Louis Garrel (filho do cineasta) protagoniza com a bela Monica Bellucci um romance moldado por obsessões que só causa indiferença. Difícil acreditar que o longa ocupou o sétimo lugar dos dez melhores filmes de 2011 segundo a Cahiers du Cinéma.
DESEMPENHOS MASCULINOS
Taylor Kitsch in BattleshipAdam Sandler, por “Cada Um Tem a Gêmea Que Merece”
Brad Pitt, por “O Homem Que Mudou o Jogo“
Chris Pine, por “Guerra é Guerra”
Colin Farrell, por “O Vingador do Futuro“
Diego Boneta, por “Rock of Ages – O Filme“
Louis Garrel, por “Um Verão Escaldante“
Mathieu Kassovitz, por “A Vida de Outra Mulher“
Max Thieriot, por “A Última Casa da Rua”
Selton Mello, por “Billi Pig”
Taylor Kitsch, por “Battleship – A Batalha dos Mares”
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DESEMPENHOS FEMININOS
Marion Cotillard in The Dark Knight RisesGrazi Massafera, por “Billi Pig”
Isla Fisher, por “Quatro Amigas e Um Casamento“
Julianne Hough, por “Rock of Ages – O Filme“
Katherine Heigl, por “Como Agarrar Meu Ex-Namorado”
Kristen Stewart, por “Branca de Neve e o Caçador“
Marion Cotillard, por “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge“
Michelle Rodriguez, por “Resident Evil 5 – Retribuição“
Nina Ivanisin, por “Slovenian Girl”
Rihanna, por “Battleship – A Batalha dos Mares”
Susana Vieira, por “As Aventuras de Agamenon, o Repórter”

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