quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dicas de especialistas para os pais na hora de negociar os reajustes das mensalidades escolares


Já foi dada a largada para o período de matrícula e pré-matricula nas escolas privadas do Rio. Junto com o bilhetinho aos pais da necessidade de se reservar a vaga dos filhos no próximo ano letivo, vem o não tão agradável reajuste das mensalidades.
A média de aumento, segundo o Sindicato das Escolas Particulares do Estado do Rio (Sinepe-RJ), deve variar de 10% a 12%, quase o dobro da inflação do setor. A diferença pode ser ainda maior, já que cada escola tem liberdade para repassar custos einvestimentos.
Para as entidades de defesa do consumidor, o reajuste não poderia ultrapassar os 6,93% — índice de inflação acumulado nos últimos 12 meses até setembro, medido pelo IPCA da Educação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE.
“Qualquer reajuste que esteja acima de 7% é um aumento sem justificativa, pois já estamos considerando o custo setorial que é medido pelo IBGE. Valores além desse percentual é considerado por nós como uma vantagem exagerada da escola. O IPCA da Educação é uma maneira dos pais se balizarem e saberem se a instituição de ensino está cometendo abusos ou não”, avalia o gerente técnico do Idec (Associação de Defesa do Consumidor), Carlos Thadeu de Oliveira.
Além do índice, o especialista orienta que os pais peçam à escola uma planilha de custos, indicando gastos e investimentos, que justificariam o aumento na mensalidade do próximo ano.
“Os pais têm direito a saber o que majorou aquele preço, quais foram os fatores, se foi a inadimplência ou o reajuste salarial dos professores. É preciso que isso seja comprovado. Caso contrário, fica latente a inadequação do reajuste”, afirma Carlos Thadeu.
Quando a lista de material não é legal
A famosa listinha de compras do início do ano letivo também deve ser vista com desconfiança pelos pais. Quando a instituição de ensino vincula o material escolar a marcas e valores específicos, eles podem discordar da escola e optar pelos produtos que mais os agradam ou que pesam menos no bolso.
Questionar se determinados itens da relação são de uso individual do aluno ou coletivo, e da escola, também é direito dos pais.
“Se cada criança tem que levar mil folhas de papel A4, sabe-se que vai sobrar muito papel. Logo, o pai deve desconfiar se a escola não vai transferir isso para uso administrativo, algo que não tem relação direta com o incremento da educação do aluno”, avalia Carlos Thadeu, do Idec.
Para o especialista, a lista de material escolar deve ser discutida entre pais e direção junto com o aumento da mensalidade.
A FAMÍLIA FRENTE A FRENTE COM A ESCOLA
Perfil
Educador financeiro, Reinaldo Domingos traça o perfil de cada família e orienta como os pais devem avaliar o orçamento familiar antes de negociar o reajuste da mensalidade escolar.
POUPADORA - Se além de manter as contas da casa em ordem ainda sobra dinheiro para você colocar na poupança ou aplicar em algum investimento, parabéns, você faz parte de uma realidade de poucos no Brasil. Para Reinaldo Domingos, esse perfil de família tem mais ferramentas para negociar o valor da mensalidade do próximo ano letivo. No entanto, antes de pensar em números, os pais devem ter uma conversa franca com os filhos para ter certeza se é válido mantê-los na mesma instituição.
O passo seguinte é saber quanto vai custar a mensalidade e orquestrar com familiares e vizinhos uma espécie de ação de “compra em atacado”. Isto é, levar o maior número de pais e negociar, com a direção da escola, um bom abatimento na mensalidade e na matrícula.
EQUILIBRADA - Sem dívidas, mas também sem dinheiro de sobra. Esse é o perfil de família que mantém o orçamento no cabresto e, por isso, tem certa dificuldade em administrar despesas além do previsto. Logo, dificilmente terá o dinheiro para fazer a matrícula do filho agora, em outubro e novembro.
Se você se enquadra nesse perfil, a dica do economista é apelar para a sensibilidade da direção. Mostre que seu filho quer continuar no colégio, mas que você não tem condições de pagar a matrícula à vista, apenas parcelada. Como empreendedora que é, a diretora não vai querer perder um aluno e fará de tudo para ter uma boa negociação com você.
ENDIVIDADO -É aquele grupo que tem diversos cartões de crédito e muitas compras parceladas. Isto é, gasta mais do que pode. Apesar de levar o orçamento como se fosse um garçom equilibrista, essa família consegue pagar tudo, mas nunca tem um alívio nas contas.
Se sua família vive assim, a dica é fazer uma planilha dos atuais gastos e avaliar se o aumento na mensalidade da escola dos filhos vai caber, de forma parcelada, nas demais despesas da casa. Se perceber que há condições de arcar com mais uma parcela no orçamento, sem o risco de cair na inadimplência, vá até a direção da escola e negocie o parcelamento. Fique ligado: tenha na ponta da língua o valor da parcela que você pode pagar e o número de vezes. Com isso em mãos, apresente você a proposta à escola.
INADIMPLENTE - Com as contas no vermelho, essa família vai ter de tomar decisões radicais para manter o filho na escola particular, como derrubar os gastos em até 40%.
PLANO - Faça um plano de guerra para sanar as contas e apresente para a direção da escola como um meio de assegurar o compromisso de pagar o que está devendo. Paralelamente, busque uma segunda opção, uma escola com uma mensalidade menor ou até uma pública.
Para Reinaldo Domingos, apesar de ser vista com desconfiança, a família inadimplente tem um ponto a seu favor: a necessidade da escola ter o retorno das mensalidades em atraso. Logo, a renegociação pode ser viável.
Critérios pedagógicos
Na hora de fazer a rematrícula, os pais costumam levar em conta questões como o valor da mensalidade e o nível do ensino, mas acabam deixando de considerar outros pontos igualmente importantes na educação dos filhos.
Para Daniela Guimarães, professora da Faculdade de Educação da UFRJ e especialista em Educação Infantil, o ensino para crianças não deve levar em conta só o conteúdo.
“Os pais devem desviar de escolas focadas no treinamento. É preciso procurar escolas em que haja espaço para a prática cultural, para o diálogo, onde as crianças produzam de acordo com a idade delas”, orienta Daniela.
De acordo com a pedagoga, aspectos como o projeto político-pedagógico da escola e a formação dos professores devem ser considerados. “Uma escola que tenha alta rotatividade de professores, por exemplo, não é bacana. É preciso que haja projeto de formação continuada dos profissionais. Outro ponto importante é o espaço para participação dos pais”, afirma.
Atualmente, é comum crianças participarem de diversas atividades além da escola. Para a professora, isso deve ser feito de forma moderada. “É preciso cuidado com o excesso de especialização. Tempo para brincar é fundamental para a formação das crianças. Muitas vezes, o ócio é produtivo”, conclui. [O Dia]

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